segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Moral Brasileira

_ Sabe o que é, Carlos, aquela paixão, aquele tesão, aquele amor todo acabou...
_ Pois é, Marcão, acontece. É complicado mesmo, são muitos anos aturando os mesmos problemas.
_ É, tem umas épocas que fica bom, outras tudo dá errado, sabe? Complica o meio de campo, ninguém se entende...
_ Acontece nas melhores famílias, cara. Mas, ó, sou teu amigão do peito, precisando estamos aí.
_ Pô, nessas horas é bom saber que podemos contar com alguém.
_Isso aí.
_ Não imaginava que você fosse ser tão mente aberta assim.
_ Deixa isso pra lá. Então, amanhã a gente vai assistir a final onde?
_ Como assim, cara? Tô acabando de dizer que acabou a paixão!
_ Então, nada melhor que um futebol pra esquecer a Janice.
_ Que Janice? Que isso? Eu tô muito bem com minha esposa!
_ Uai, mas o amor não acabou?
_ O amor pelo Galo¹, c*! Não está entendendo? Cansei disso, tenho coisa melhor pra fazer!
_ O quê ?!!! Seu traidor! Seu p*! Você não pensa nos seus filhos não? O que eles vão dizer na escola? É f*! Hoje em dia não dá mais pra cofiar em ninguém. Você não tem princípios? Valores? Vira casaca! Vou desligar porque eu não falo com traidor! ( Tu tu tu tu...)


¹ Obviamente poderia ser o Cruzeiro, o Flamengo, o Vasco, o Fluminense, etc. 
Esporte é saudável, fanatismo não.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O distributismo de Hillaire Belloc

Tradução de: http://www.remnantnewspaper.com/Archives/archive.2006-0415-distributivism.htm

Bruce J. Brommel
Colunista convidado
Hilaire Belloc (1950)
“A escolha é entre a propriedade, por um lado, e escravidão, pública ou privada, por outro.  Não há terceira alternativa.”

Assim termina o prefácio de Um Ensaio sobre a  Restauração da Propriedade, um curto porém monumental trabalho sobre economia de Hilaire Belloc, um dos mais prolíficos e influentes escritores católicos do século passado1.  Talvez ninguém mais do que ele - chamado de "Antigo trovão" por sua mãe por cause de seu temperamento feroz– sacudiu os católicos de seu tempo de sua letargia e os desafiou a aplicar na prática os caminhos e princípios delineados pelo papa Leão XIII em sua marcante encíclica Rerum Novarum ("Sobre a condição das classes trabalhadoras"), pela restauração de uma verdadeira vida social católica, particularmente na área da economia.

Infelizmente, hoje, os críticos e os defensores acerca do distributismo - também chamado distributivismo ou distribucionismo - tendem a distorcer, exagerar ou mesmo contradizer o que Belloc escreveu sobre o assunto. Seja por simples ignorância ou uma tentativa deliberada de divorciar a visão de Belloc de suas raízes no autêntico ensinamento social católico, o resultado final é que os escritos distributistas são muito frequentemente representados como fora de época e irrelevantes para os católicos contemporâneos que procuram por soluções para as doenças sociais de nossos tempos. O propósito do presente estudo é identificar várias das mais proeminentes distorções de seu pensamento, deixando que Belloc mesmo responda a elas3, e demonstrar que suas visões estão completamente alinhadas com o ensinamento social católico.

A primira das distorções que iremos examinar tenta rotular Belloc como um mero especulador ético-social, cujas ideias não têm significância substancial no "mundo real" da economia. Dr. Todd R. Flanders, falando em "What’s Wrong with Distributivism?", afirma: "Pois o distributismo foi, e é em suas novas manifestações, mais um movimento em ética do que em economia. Seus mais famosos expoentes iniciais, Hilaire Belloc e G.K. Chesterton, foram pensadores amplos, para quem as ideias econômicas e a experiência dos sistemas econômicos não eram estrangeiras - apesar de que esses homens também não eram economistas”4. Aqui, Dr. Flanders procura promover a noção de que a visão ética que Belloc se preocupa em ter na economia (e como isso afeta os indivíduos e as famílias temporalmente, e mesmo espiritualmente) não tem realmente nada a ver com um verdadeiro estudo sólido de economia.

Todavia, fazendo isso, Dr. Flanders aliena seu próprio pensamento da fundação mesma da genuína economia, relegando-a a uma esfera meramente especulativa resernvada somente para aqueles conferidos institucionalmente com o título "economista". Isso trai a essência mesma da verdadeira economia, que Pe. Denis Fahey, CSSp, explica em seu livro The Mystical Body of Christ in the Modern World: "A Economia é a ciência que estuda primariamente as relações pessoas que constituem a família, as relações de marido e mulher, pais e filhos, mestres e servos, e então, secundariamente, as relações dessas pessoas com os bens externos (o direito à propriedade e o uso e aquisição de riqueza). Etimologicamente, economia é o governo da casa e da família5. A Economia estuda as famílias e as relações constituídas pelos seus membros e então em suas condições de existência”6. Que Belloc tem primariamente o bem da família em mente é claro desde a primeira página de seu Ensaio: "É óbvio que quem for que controle os meios de produção controla o suprimento de riqueza. Se, então os meios de produção daquelas riquezas que uma família precisa estão sob controle de outros que não a família, a família será dependente desses outros; ela não será economicamente livre. A família é idealmente livre quando controla completamente todos os meios necessários à produção de tal riqueza que ela precise consumir para uma vida normal."7. Isso nos traz a um outro desentendimento frequentemente feito em relação ao distributismo de Belloc, que foi abordado recentemente por Dr. Thomas E. Woods, Jr. em seu artigo no site Remnant, “Capitalism Defended”. Dr. Woods descreve um distributismo que advoga que "as pessoas deveriam ser removidas da divisão do trabalho em uma sociedade de mercado e recuadas, ao invés, a uma espécie de autarquia ... A ênfase aqui é em ter a maior parte possível de pessoas que sejam donas de sua própria terra e quaisquer meios de produção que utilizem."8. Dr. Woods nos apresenta a vaca benevolente que ele seria infelizmente forçado a alimentar, se fosse coagido a isso em tal sociedade. Entretanto, forçar as pessoas a alimentar uma vaca não é parte do distributismo de Belloc, porque ao falar de tal sistema independente, Belloc continua com o seu tema da família e explica que "tal ideal é desumano e, portanto, não pode ser exatamente atingido, porque o homem é um animal social. Não é impossível atingi-lo no curto prazo, e tem sido brevemente atingido toda vez que um colono solitário se fixa com sua família e seus pertences em um local isolado. Mas tal completa liberdade econômica para cada família não pode ser permanente, porque a família cresce e se divide em outras famílias numerosas, formando uma grande comunidade. Além disso, mesmo que família suporte viver isolada, ela se renderia às necessidades da natureza humana, que seu isolamento iria tolher e degradar. Pois, o homem não pode se completar através de uma diversidade de interesses e ideias. Multiplicidade é essencial para a vida e os homens, para serem verdadeiramente humanos precisam se socializar9. Dr. Woods afirma que os distributistas rejeitam "os benefícios que advêm da participação na divisão do trabalho em larga escala que compreende a economia de mercado". Porém, novamente, isso não é o distributismo de Belloc, que continua: "a sociedade, sendo necessária ao homem, traz, no campo econômico, duas limitações à liberdade econômica: -- Primeiro, diferença de ocupações: cada um na sociedade irá se concentrar no que tiver a melhor oportunidade para produzir e, por trocar o que sobra pelo que outros tiverem a melhor oportunidade para produzir, irá aumentar a riqueza de todos; ou, o que vem a ser a mesma coisa, diminuir o fardo do trabalho para todos... Pois se a família troca o seu excedente, ou mesmo toda a sua produção, pelo excedente dos outros, ela ainda retém a sua liberdade, assim como a estrutura social, construída de famílias similarmente livres, exercita seus efeitos através dos costumes e leis consoantes com o seu espírito: as Guildas; uma ciumenta observação e destruição do monopólio, a salvaguarda da herança, especialmente a herança de pequenos patrimônios"10.

Belloc então continua o desenvolvimento de sua ideia distributista com uma explicação do papel do Estado: "Segundo, O Princípio da Unidade: deve haver alguma forma de Estado. Uma unidade suficientemente larga para o desenvolvimento das artes e as melhores complexidades da vida devem ser organizadas. Seu poder deve ser utilizado para prover justiça, prevenção da desordem interna e a defesa contra agressores externos. Em geral, o Estado deve exercer alguma restrição sobre a liberdade econômica da família, ou a própria liberdade não poderá ser garantida"11.

Novamente, sobre a função do Estado, Belloc é completamente incompreendido por muitos dos seus críticos. Dr. Flanders,
desejando compreender Belloc ao menos neste aspecto da questão em mãos, escreve: "Mas Belloc prestou ainda um grande serviço aos amantes da liberdade. Central à sua crítica de ambos, o coletivista e o "capitalista" estado servil, foi uma oposição ao poder estatal e ao poder coercitivo das leis que expropriem e transferem riqueza e trabalho"12. Ele descreve Belloc como tendo "esmagadora oposição ao poder e controle estatal," e chama a intromissão estatal em assuntos econômicos de "preocupação chefe" de Belloc13. Infelizmente, para Dr. Flanders, o Belloc que ele deseja não é o real, pois Belloc mesmo afirma: "Deve haver leis para proteger a propriedade não somente contra a rapina direta mas contra a dissolução através do exagero da competição. Deve haver sanção estatal aos poderes da guilda, ao processo de herança, à restrição de encargos indevidos. Deve haver alguma máquina oficial para fomentar a propagação da pequena propriedade da mesma forma que há máquina oficial hoje fomentando a destruição da pequena e bem distribuída propriedade em favor de grandes proprietários..."14. De fato, Belloc descreve a regulação estatal como a chave para o sucesso de seu plano porque "nosso esforço irá falhar a menos que seja acompanhado de regulações feitas para a preservação da propriedade privada, e muito dela deve ser restaurado... A propriedade bem dividida não surgirá espontaneamente em uma sociedade capitalista. Deve ser artificialmente favorecida. O comunismo surgirá da sociedade capitalista, pois é um produto do pensamento capitalista e se move nas mesmas linhas do capitalismo. Mas a propriedade bem dividida não irá surgir assim. Além disso, uma vez restabelecida, a propriedade deve ser constantemente sustentada ou irá cair de novo no capitalismo... [Historicamente,] o capitalismo somente surgiu depois que as garantias à propriedade bem distribuída e privada foram quebradas por uma vontade má cuja resistência foi insuficiente. Não foi só o capitalismo que veio antes e gradualmente dissolveu a instituição da propriedade bem distribuída; foram as condições sob as quais a propriedade bem distribuída poderia sobreviver sozinha, e sobreviveu por séculos, que foram primeiramente destruídas. Só então, após a sua destruição, o campo ficou livre para o crescimento da plutocracia na política e o capitalismo na estrutura econômica do Estado”15.

Falando mais sobre as guildas, Belloc pontua que eram "privilegiadas e estabelecidas por leis positivas”16, e ele é consistente em enfatizar através do seu trabalho que o suporte do Estado é essencial para a manutenção da liberdade econômica, que eles sumariza assim: "Liberdade econômica é a nossos olhos um bem. Está entre os maiores dos bens temporais porque é necessária para a mais alta vida em sociedade através da dignidade do homem e da multiplicidade de suas ações, cuja multiplicidade é vida. Somente através da propriedade bem dividida podem as unidades da sociedade reagirem contra o Estado. Somente assim pode florescer uma opinião pública. Somente onde o conjunto de células é saudável pode o organismo todo se desenvolver. Portanto, é nosso negócio restaurar a liberdade econômica através da restauração da única instituição sob a qual ela se desenvolve, tal instituição é a Propriedade. O problema diante de nós é como restaurar a Propriedade como ela deveria ser, como era há não muito tempo atrás, uma instituição geral.

“Três ressalvas devem ser feitas claramente antes de nos aproximarmos do problema e tentar uma solução prática.
A primeira é que, na restauração da propriedade, não estamos tentando, e não poderíamos nunca atingir, uma perfeição mecânica. Nós só estamos tentando mudar o tom geral da sociedade e restaurar a propriedade como uma instituição comum, mas não universalmente presente.
A segunda é que não podemos nem começar tal reforma a menos que haja um estado mental favorável na sociedade, um desejo de ter propriedade, suficiente para suportar e manter o movimento e nortear as instituições que o faça ser permanente.
A terceira é que, nesta tentativa de restaurar a liberdade econômica, os poderes do Estado devem ser invocados”17.

Finalmente, devemos voltar nossa atenção aos que levantam a bandeira do Distributismo, que tentam - não Belloc - retirar qualquer relação que ele tem com a Verdadeira Religião18. Escrevendo em Generally Speaking, em dezembro de 1996, a revista da The American Chesterton Society, M. de Marco elabora: "Distributismo, como uma teoria sobre a sociedade justa, pode ser desligada do espiritual tão facilmente quanto as suas rivais. Então, sobre Distributismo e Religião, podemos dizer que, se a religião é um bem ( e se alguma religião em particular é a melhor) então ela está limitada a florescer na sociedade justa. Partindo de que os homens são livres e auto-suficientes, eles terão amplas oportunidades para saber o bem e segui-lo. Desta forma, podemos dizer que a sociedade injusta irá desencorajar a religião verdadeira, seja por completa opressão ou pela instituição de valores (como a cobiça) que corrompem o homem." De Marco então declara que "a separação do Distributismo e Religião estava estabelecida"19.

Desconsiderando a falsa noção de que a Verdade irá surgir sozinha da bondade do homem, o que é basicamente Racionalismo20, essa concepção de separação também não soa verdadeira para os filhos e filhas da Igreja Católica, pois, como Leão XIII explica em sua carta encíclica "Sobre a Democracia Cristã": "É da opinião de alguns, e o erro é também muito comum, que a questão social é meramente econômica, enquanto a questão é, sobretudo, moral e religiosa, e por essa razão devem ser estabelecidos os princípios da moralidade e de acordo com os ditados da religião”21.


Fr. Fahey, escrevendo em The Mystical Body of Christ in the Modern World, concorda: "O poder indireto da Igreja sobre questões temporais, sempre que os interesses da Vida Divina das almas estão envolvidos, pressupõe, é claro, uma clara distinção da natureza entre a autoridade eclesial, encarregada do cuidado das coisas divinas, e da autoridade civil, cuja missão é concernente a matérias puramente temporais. Na proporção em que o Corpo Místico de Cristo fosse aceito pela humanidade, o pensamento e a ação política e econômica começaria a respeitar a jurisdição e guia da Igreja Católica, dotada, como ela é, com o direito de intervenção nos assuntos temporais sempre que necessário, por causa de sua participação no Reinado Espiritual de Cristo. Assim, o bem comum natural e temporal dos Estados seria visto de maneira calculada para favorecer o desenvolvimento da verdadeira personalidade, dentro e através do Corpo Místico de Cristo, e a vida social estaria cada vez mais sob a influência do supremo fim do homem, a visão de Deus em três Pessoas Divinas.

“Portanto, A Ordem Social Católica, vista como um todo, não é primariamente a organização política e econômica da sociedade. É primariamente o organismo social supernatural da Igreja, e então, secundariamente, a ordem social temporal ou natural resultante da influência da doutrina católica na política e na economia e da incorporação de tal influência nas instituições sociais”22.

Belloc abraça a natureza moral de todas as ações humanas, em ambas as dimensões espiritual e temporal, quando defende o bem intrínseco da liberdade econômica para os indivíduos: "Não podemos fazer o bem, ou o mal, se não fizermos livremente, e se admitirmos a ideia de bem em toda a sociedade humana, a liberdade deve ser sua acompanhante"23. Então, Belloc não abraça, como outros distributistas, a "teoria fatal"24 e procuram separar o que Deus uniu, mas respeitar e defender a Verdade Divina de que todos os aspectos da sociedade e da cultura devem tender à salvação das nossas almas.

Belloc tem sido acusado de promover ideias econômicas muito "impraticáveis"25 para resolver os problemas de seus dias, que são os mesmos problemas dos nossos dias. Dr. Flanders acusa Belloc de incorretamente ver "padrões de uso da  propriedade como estáticos ao invés de dinâmicos"26, quando na verdade Belloc entende a "diversidade que é a vida" e admite, "Haverá muitos comparativamente pobres, e alguns comparativamente ricos. Haverá presumivelmente alguma porção de despossuídos. Mas, a Propriedade, e sua acompanhante, a Liberdade Econômica, será a marca da sociedade como um todo”28. Na realidade, as soluções que ele propõe são eminentemente humanas, e sempre tendem à salvação da alma. Para Belloc, "a propriedade é essencial para uma vida plena"29. Enquanto outros buscam simplificar demais os problemas, eliminando este ou aquele elemento da questão em mãos, Belloc olha para a vida em toda a sua bela e complexa realidade, e propõe alguma coisa subitamente honesta: "Mas onde for que o Estado Servil para o qual nós estamos tendendo atualmente possa estar completo, o Estado Proprietário (ou Distributista) não pode, ou não poderia, estar completo; pois não é da sua natureza ser mecânico”30. Ele diz em outro lugar, "Não pode haver perfeição nele, deve permanecer incompleto; nem poderia haver uma melhor prova de que a tentativa é humana, consoante à natureza humana”31.

Bem , acho que se parece com uma Utopia. Mas não é a solução de Belloc simpática à nossa própria experiência humana, bem fundamentada nas realidades do dia-a-dia? Enquanto eu sento na mesa de jantar escrevendo essas notas com uma caneta velha e fraca, enquanto crianças choram e riem e brincam no quintal, e espirram leite e biscoitos nos meus livros e papéis espalhados, e enquanto eu explico para a minha esposa o que ela precisa digitar para mim, pois ela é mais rápida com suas duas mãos do que eu com meus dois dedos, eu encontro mais verdade e conforto e esperança nos pensamentos práticos de um homem que escreveu e falou, não para o amor de algum princípio econômico acadêmico obscuro e insondável, mas pelo amor de todos nós, o que vem da Caridade: "Isso foi encontrado na prática, e a verdade é testemunhada pelos instintos de todos nós, que tal propriedade largamente distribuída como uma condição para a liberdade é necessária para a normal satisfação da natureza humana”32.

Rejeitando tudo ou uma parte do que é essencialmente o distributismo, os críticos rejeitam o que é essencialmente Belloc: um homem comum, um homem de família, o fiel filho da Santa Igreja.

Notas:
(1)       An Essay on the Restoration of Property was first published in 1936 by the Distributist League.  It is now under the domain of the Hilaire Belloc Estate. Belloc lived from 1870 to 1953.
(2)       Old Thunder: A Life of Hilaire Belloc, by Joseph Pearce, p. 1.
(3)       All quotes of Belloc are taken from An Essay on the Restoration of Property as reprinted by IHS Press, Norfolk, VA, 2002.
(4)       “What’s Wrong with Distributivism?” by Dr. Todd R. Flanders; http://www.acton.org/ppolicy/adjunct/papers/distribute.html, p. 1.
(5)       Internal footnote: Lecons de Philosophie Sociale (vol I, p. 148), “Economy, as its name expresses, studies the order of the human household, arranging, according to their respective values, persons and things (Philosophie Economique, by J. Vialatoux, p.78.
(6)       The Mystical Body of Christ in the Modern World, by Denis Fahey, C.S.Sp. (Third Edition), p. 6-7.
(7)       Essay, pp. 25, 26.
(8)       “Capitalism Defended” by Dr. Thomas E. Woods, Jr., Remnant Sept 30, 2004 (p. 13).
(9)       Essay, p. 26.
(10)    Ibid., p. 26.
(11)    Ibid., p. 26.
(12)    Flanders, p. 3.
(13)    Ibid., p. 4.
(14)    Essay, p. 38.
(15)    Ibid., p. 39-40, 41.  This appears to echo perfectly the thoughts of Leo XIII in Rerum Novarum, May 15, 1891, paragraph 6:  “After the old trade guilds had been destroyed in the last century, and no protection was substituted in their place, and when public institutions and legislation had cast off traditional religious teaching, it gradually came about that the present age handed over the workers, each alone and defenseless, to the inhumanity of employers and the unbridled greed of competitors.  A devouring usury, although often condemned by the Church, but practiced nevertheless under another form by avaricious and grasping men, has increased the evil; and in addition, the whole process of production, as well as trade in every kind of goods has been brought almost entirely under the power of a few, so that a very few rich and exceedingly rich men have laid a yoke almost of slavery on the unnumbered masses of non-owning workers.”
(16)    Essay, p. 95.
(17)    Ibid., p. 33.
(18)    This concept of separating commerce from morality is actually capitalist in origin. As Amintore Fanfani relates in Catholicism, Protestantism and Capitalism: “Another difference between the mentality of the pre-capitalist and that of the capitalist is this: the former considers that appraisement of value in the economic sphere should be governed by moral criteria; the latter would make the economic criterion the sole norm of such appraisements” (emphasis mine).  Interestingly, as an aside, the thesis of his book is that the errors of Capitalism actually arose from and were fostered by corrupt Catholics towards the close of the Middle Ages – and helped precipitate the end of that era – rather than by Protestants at a later period, as is believed by many.
(19)    “Against ‘The American Distributist’ by Daniel Krotz” by M. De Marco, http://mdemarco.web.wesleyan.edu/gkc/distrib/essay.html, p. 1.
(20)    See Pope Pius IX’s Syllabus of Errors, December 8, 1864, especially paragraphs 3, 4, 6, 8, and 9.  Paragraph 4 reads: “All the truths of religion proceed from the innate strength of human reason; hence reason is the ultimate standard by which man can and ought to arrive at the knowledge of all truths of every kind.” – Condemned.  Also see Fahey’s The Mystical Body of Christ in the Modern World, Chapter 4: “The Revolutionary Deification of Man,” Section D – Rationalism, Naturalism and Revolution.
(21)    Graves de Communi Re, January 18, 1901, paragraph 11.
(22)    The Mystical Body of Christ in the Modern World, p. 5.
(23)    Essay, p. 30.
(24)    Libertas Praestantissimum (On the Nature of True Liberty), by Pope Leo XIII, June 20, 1888, paragraph 18.
(25)    Flanders, p. 1.
(26)    Ibid., p. 4.
(27)    Essay, p. 30.
(28)    Ibid., p. 36.
(29)    Ibid., p. 28.
(30)    Ibid., p. 36.
(31)    Ibid., pp. 33-34.
(32)    Ibid., p. 27.



segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Avança a cultura da morte no Brasil

As organizações internacionais

Fundações internacionais que pretendem promover a completa legalização do aborto no mundo têm uma estratégia clara e confessa:

"Assegurar ao máximo a prestação de serviços previstos pelas leis existentes que permitem o aborto em certas circunstâncias possibilita abrir o caminho para um acesso cada vez mais amplo. Deste modo os provedores de aborto poderão fazer uso de uma definição mais ampla do que constitui um perigo para a vida da mulher e também poderão considerar o estupro conjugal como uma razão justificável para interromper uma gravidez dentro da exceção referente ao estupro. Desde o início dos anos 90 profissionais e ativistas de várias cidades do Brasil estão trabalhando com o sistema de saúde para ampliar o conhecimento das leis e mudar o currículo das faculdades de medicina". Fonte: "INCREMENTANDO O ACESSO AO ABORTO SEGURO - ESTRATÉGIAS DE AÇÃO", International Women Health Coalition (IWHC)

O PLC 3/2013 é só mais um passo

O PLC 3/2013, sancionado no dia 04/08/2013 - embora defenda e regulamente os direitos das vítimas de violência sexual - amplia o acesso ao aborto, ao regulamentar norma técnica do Ministério da Saúde, igualmente abusiva.

- Basta apenas que uma mulher afirme ter sido estuprada, sem necessidade de comprovação ou registro de boletim de ocorrência, e os médicos serão obrigados a acreditar, a menos que possam provar o contrário, o que usualmente não acontece. Para efeitos desta lei, "violência sexual é qualquer forma de atividade sexual não consentida". Se a mulher não desejar atividade sexual com seu marido, pode dizer que foi violentada. Além disso, sempre poderá mentir.
- Os médicos deverão encaminhá-la ao serviço de aborto“obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS”, e fornecer "informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis". Quem se recusar poderá ser responsabilizado civil e criminalmente;
- Não há prazos previstos. Mesmo aos 8 meses de gravidez, pode-se fazer o aborto. Nas primeiras horas, será obrigatório fornecer, com dinheiro público, a pílula do dia seguinte, igualmente abortiva.

A proteção à vida desde sua concepção

O aborto não é um direito, é um crime, um assassinato. Por isso, não deve ser incentivado, muito menos pelo governo. Infelizmente, a política brasileira tem cedido aos interesses de organizações internacionais e contrariando a opinião da maioria da população, modificando lentamente a legislação, para que ninguém perceba. Devemos denunciar e nos opor a todos os passos do movimento abortista, pois o valor da vida é inegociável.

«Antes de te formar no ventre de tua mãe, Eu te conheci; antes que fosses dado à luz, Eu te consagrei, para fazer de ti profeta das nações». (Jeremias 1, 5)

Veja Nota da CNBB

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Projeto autoeducação - Diário de bordo

Já há alguns anos tenho um projeto pessoal de exercitar a auto educação. Não há condições, nas atuais circunstâncias, de confiar a sua consciência para ninguém. O exercício intelectual se torna, nos dias de hoje, um exercício de liberdade, a última liberdade que nos resta, e uma luta constante. O pouco que pude ver na universidade era recheado de propaganda esquerdista. A sorte, talvez, foi que os livros de cálculo ainda não eram (tão) contaminados pelas ideologias e pude passar pelo curso de engenharia sem muitas sequelas. Se Aristóteles dizia que a inteligência deve ser exercitada com moderação e constância, vamos em frente, devagar e sempre. Comecei a escrever esse blog para colocar algumas ideias no lugar, mas acho que agora ele pode se tornar um instrumento mais ativo de organização das minhas atividades, que estão muito dispersas. 

Vamos organizar:

Leituras

A primeira providência que tomei foi ler: "A vida intelectual, A. D.Sertillanges", cujos conselhos venho tentando aplicar em minha vida. Reuni algumas indicações e começo a esboçar um roteiro, que pretendo ir depurando com o passar do tempo. Preferi começar pela proposta de Olavo de Carvalho, que certa vez sugeriu a um de seus alunos a seguinte lista, para começar:

1 - Otto Maria Carpeaux, História da Literatura Ocidental (leia pela ordem, anotando cada autor importante citado e fazendo a lista dos livros que vai ler pelos próximos dez anos).
2 - Frederick Copleston, A History of Philosophy (idem)
3 - Eric Voegelin, Autobiographical Reflections (idem)
4 - Georges Gusgorf, Introduction aux Sciences Humaines
5 - Seyyed Hossein Nasr, Knowledge and the Sacred
6 - Max Friedländer, On Art and Connoiseurship
7 - Pitirim A. Sorokin, Novas Teorias Sociológicas
8 - Leo Strauss and Joseph Cropsey, History of Political Philosophy
9 - Otto Maria Carpeaux, Uma nova história da Música.

Comecei pelo princípio, já fiz minha listinha dos gregos, mas parei por aí...

Em paralelo, continuarei outras leituras de assuntos de meu interesse, que aos poucos irão se imiscuindo nos estudos de filosofia, arte, literatura e sociologia.

1 - A Bíblia, começando pelo Novo Testamento
2 - O Catecismo da Igreja Católica
3 - A doutrina social da Igreja
4 - A história da Igreja

Sobre a Bíblia, além das leituras meditadas, liturgias, salmos, é bom ler alguns livros para se ter ideia do todo. Por exemplo, já li o Evangelho de Marcos do início ao fim. Às vezes temos uma noção melhor do desenrolar dos acontecimentos do que lendo "picado".

Línguas

Além de ler bem português e inglês(com algum sofrimento), pretendo avançar no francês(começando do zero).


Música

O curso de música litúrgica no ITF de Petrópolis está me ajudando a desenvolver uma sensibilidade artística diferente.

Espero que registrar a jornada no blog me ajude a organizá-la e direcioná-la, além de compartilhar com os leitores e colher suas críticas e sugestões. Já é um começo.

Que o Espírito Santo nos ilumine!




terça-feira, 23 de julho de 2013

Questões na JMJ: será inútil rezar e ver o Papa?

"Se os vícios humanos como ganância ou inveja são sistematicamente cultivados, o resultado inevitável é nada mais do que o colapso da inteligência. Um homem levado pela ganância ou pela inveja perde a capacidade de ver as coisas como realmente são, de ver as coisas em sua completude e circularidade, e o seu sucesso se torna fracasso. Se toda a sociedade for infectada por esses vícios, ela pode realmente conquistar coisas espantosas, mas será cada vez mais incapaz de resolver os mais elementares problemas da existência." E.F. Schumacher, Small is Beautiful

Um dos vários "-ismos" que nos corrompem nos dias de hoje é o utilitarismo, associado normalmente ao materialismo, consumismo e hedonismo. Uma coisa só serve se for útil, e ser útil é trazer, em última instância, riqueza, dinheiro, prazer. Até mesmo propósitos tão elevados como educação, saúde, são avaliados sob o prisma do "curtir a vida". Afinal, eu só estudo para arrumar um bom emprego e ter um salário melhor, comprar coisas boas e preciso de saúde para aproveitar o momento.

Daí, um evento que movimenta milhões de pessoas de todas as partes do mundo para ouvir um senhor de idade proclamar que todos são filhos amados de Deus e sua dignidade é intrínseca a esse fato, não pode ser entendido pelos padrões da utilidade. Parece inútil rezar a um Deus que potencialmente não existe e parar uma metrópole para receber um chefe de estado. Chefe de estado esse que goza de prestígio flagrantemente invejado pelos políticos, que professam sua religião estatista que nos decepciona sistematicamente, que se veem obrigados, não por força de lei, mas por força da verdade, se curvar àquele que não traz "ouro nem prata, mas o que tenho de mais precioso, Jesus Cristo".

Tal visão utilitarista é míope, não quer saber e não consegue entender que abrir sua casa para um estranho e conhecer realidades de além-mar, sacrificar-se pelo outro, sem ter nenhuma obrigação de fazer isso, se esforçar para entender línguas estranhas, rostos estranhos, culturas estranhas, nos torna menos estranhos. A caridade nos torna melhores, porque é ela que, em última instância, como mãe de todas as virtudes, no faz vencer todos os vícios. A caridade, muitas vezes traduzida por amor, não é qualquer amor, mas o amor incondicional, o amor gratuito dos filhos de Deus, o amor que não é possível para quem cultiva a ganância e a inveja.

A sociedade que não se render à caridade, está fadada ao fracasso. Isso não aprendi nos livros, mas no testemunho de meus novos amigos franceses e escoceses/poloneses, que dizem: "A Europa está morrendo. As pessoas não querem ter famílias, não querem ter filhos, não querem saber de Deus."

Enfim, se não é "útil" para os jovens gastar suas energias buscando o sentido para a própria vida, sua própria vida será inútil. 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Questões na JMJ: Frases que vão ficando em minha cabeça.

Frases que vão ficando em minha cabeça.

As bananas do Brasil são mais doces.
Mexerica é uma laranja mais fácil de comer.
Caju: small fruit de Pernambuco.


Vocês não tiveram guerra, mas tiveram escravos.
Afinal, se protegeram os índios, por que não protegeram os negros?
As mulatas sambam muito bem, mas por que deixaram as roupas em casa?
Por que vc nunca foi a uma favela?
Por que os índios têm direitos diferentes dos seus?
O bar não sabe contar o número de bebidas e perdemos muito tempo tentando explicar...
Os carros não param na faixa de pedestre....
Vocês acham que isso é frio? (10° C, brasileiros de blusa de lã e europeus de chinelo e bermuda)


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Questões na JMJ: o aborto no Brasil. E se ela mentir?

Indagado sobre a legislação brasileira sobre o aborto, com toda a dificuldade de comunicação, tentei explicar para uma peregrina francesa como é a situação atual. Tendo acompanhado as notícias sobre o PLC 3-2013, pensei que seria difícil me fazer entender. Só que não. A conversa foi mais ou menos assim:

_ There is a law (PLC3-2013) that can be approved which says that if a woman is abused, she can have a legal abortion.
_ OK, but what if she lies?
_ ...

Ela resumiu tudo numa frase: "E se ela mentir?"

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Inverno Demográfico

Quando comecei a pensar no assunto, não sabia que era tão grande a profundidade e seriedade da questão. Depois de assistir esse vídeo sensacional, revi muitos conceitos.


Me lembro, particularmente, de algumas coisas:

A inusitada situação da Hungria:
http://angueth.blogspot.com.br/2012/02/familia-segundo-chesterton-e-os.html

Em 13 de Julho de 1917, Nossa Senhora de Fátima avisou:
"Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas."

Gilbert já nos prevenia:
"Este triângulo de truísmos constituído pelo pai, pela mãe e pela criança, não pode ser destruído; só podem ser destruídas aquelas civilizações que não o respeitam" G. K. Chesterton

E vivam as crianças!

terça-feira, 9 de julho de 2013

Nem capitalismo, nem socialismo -- O que é distributismo?



O que é Distributismo?

O Distributismo tem suas raízes nas teorias econômicas e sociais articuladas nos documentos dos pontífices católicos, começando com o Papa Leão XIII, na "Rerum Novarum". Essas encíclicas sociais trazem imperativos nas transações econômicas e suas relações com o trabalho, solidariedade, salários, a larga difusão da propriedade, e os limites apropriados à tecnologia. O Distributismo é um sistema econômico que concorda com os princípios desses documentos, e é centrado na mais vasta posse de propriedade possível como a melhor garantia da liberdade política e econômica. Uma família que tenha sua própria terra e suas próprias ferramentas pode levar sua vida sem ser dependente de terceiros por emprego. Assim, o Distributismo almeja estender a propriedade para quantos forem possíveis, e acabar com a concentração da propriedade por poucos capitalistas ou pelo Estado.

O que são os 'meios de produção'?

Meios de produção são terra, ferramentas e equipamentos necessários ao trabalho para transformar materiais brutos em bens e serviços. Como riqueza (bens ou serviços) somente é possível pela combinação dos meios de produção, trabalho e matérias primas, acreditamos que é melhor quando esses são adquiridos cooperativamente (de posse do trabalhador) ou trabalhados inteiramente pela família.

Vocês são Capitalistas ou Socialistas?

Nenhum dos dois. Capitalismo - ou proletarianismo - é um sistema baseado na maximização dos resultados dos investimentos, e busca isso à expensa do trabalho e do bem comum. O Socialismo busca eliminar a propriedade e colocá-la nas mãos de um governo impessoal e centralizado. Os dois sistemas - capitalismo e socialismo - limitam a real propriedade na prática. A única diferença entre um estado socialista e um capitalista é se o poder está concentrado em poucas mãos privadas ou burocráticas.

Então vocês não suportam um "Grande Governo"?


Distributistas são descentralistas que acreditam que a maioria das funções organizacionais (negócios, governo, ou trabalho) deveriam ocorrer no menor nível de competência possível (subsidiariedade). Instituições como cooperativas locais e governos existem para frear controles em larga escala, sejam eles burocráticos ou comerciais.


O que tem a ver com justiça?


Desde os tempos de Aristóteles, os filósofos e economistas consideram que a justiça é um elemento integral do mercado; um fator a ser considerado antes que as trocas se efetivem. Todavia, durante o período da história conhecido como o Iluminismo, surgiu o equívoco de que a justiça social viria somente das "forças do mercado", ou do planejamento central pelo governo. Nesse caso, o homem se torna uma mera engrenagem na máquina da economia; ele é reduzido a uma insignificância material que desconsidera sua natureza decaída ou telos (propósito). Assim, enquanto sabemos da dependência do homem dos bens materiais, reconhecemos que o comércio e as políticas sociais devem estar subordinados à sua vocação virtuosa.


Não seria o Distributismo menos eficiente, nos tornando todos mais pobres?

Apesar do capitalismo se dizer altamente "eficiente", ele não funciona tão bem sem massivas despesas e intervenções governamentais. Os distributistas afirmam que a propriedade produtiva é uma geradora genuína de riqueza, porque serve e sustenta a família materialmente (comida, roupa, e abrigo), e cultiva a alma para o trabalho. Ademais, nós enfatizamos que a propriedade distribuída é na verdade mais eficiente e menos dependente de enormes conglomerados governamentais ou corporativos. A propriedade significa liberdade para o dono em relação à volatilidade financeira, assim como, da perspectiva do dono da casa, a terra transcende os valores de mercado devido à sua indispensabilidade para a estabilidade da família.

Qual é a sua posição em relação à nossa crise econômica atual?

Salários estagnados, usura, especulação, derivativos, desperdício e dívidas dos consumidores são somente uma parte dos problemas que transformaram uma terra de pequenos negócios e pequenos fazendeiros em uma nação dividida em corporações entregando suas responsabilidades aos contribuintes e um governo obrigado a ver as coisas de outra forma enquanto os empregos são mandados para o exterior. Com relativamente poucos produtores e mais produção externa, a confiança da família em obter comida saudável, salários justos, casa própria, plano de saúde, e educação apropriada para seus filhos através do emprego, está entrando em colapso.

Como o distributismo planeja nos ajudar a restabelecer a sanidade econômica?

Nós acreditamos que um renascimento da economia local irá reparar o dano moldado pelas corporações que pressionam o governo por maiores subsídios do erário público. O distributismo traz uma economia humana e uma política social investida nas necessidades da família através da posse da propriedade e tecnologia sob medida. Nossos objetivos incluem a restauração do sistema de cooperativas, o apoio a negócios familiares e de posse dos trabalhadores, empréstimos de micro-crédito, agricultura suportada pela comunidade, e associações preocupadas em implementar programas de administração vigorosos. Nós suportamos iniciativas políticas para favorecer políticas de taxação diferenciadas, assistência legal para os negócios baseados em casa, assim como a revisão da contabilidade e das práticas bancárias. Pretendemos atingir nossos objetivos formando um movimento popular de acadêmicos e homens leigos trabalhando juntos para criar seções regionais dedicadas à implementação do programa distributista.


Isso tudo não é muito utópico?

Não, o distributismo é um sistema prático, que é validado por vários exemplos de empresas distributistas em funcionamento; em escala pequena, existem milhares de companhias baseadas em casa e de posse dos seus trabalhadores, bancos de micro empréstimos, uniões de crédito, e companhias de seguros; em larga escala, há a Cooperativa de Mondragón na Espanha, uma das mais bem sucedidas cooperativas na Europa, e a economia distributista de Emilia-Romagna (Bologna) na Itália, onde mais de 45% do PIB vem das cooperativas, e que se vangloria de um padrão de vida que é o dobro do restante da Itália e um dos maiores da Europa. As economias distributistas e companhias têm uma vantagem competitiva inerente sobre suas contrapartes capitalistas e socialistas, assim como vantagens sociais e comunitárias que o capitalismo e o socialismo não podem nem começar a atingir.



segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Brasil não precisa de "controle de natalidade"

Não, não é uma afirmação gratuita, nem baseada só em convicções filosófico-religiosas. A informação é do próprio governo. (O interessante é que quando escrevia esse artigo, Papa Francisco tocou no tema). Não precisa muito para os anacrônicos malthusianos voltarem à tona. Como o Brasil é atrasado. Na Europa, a queda da natalidade é um problema seriíssimo. Os governos se esforçam para incentivar as mulheres a terem filhos. Aqui, ainda achamos que é uma evolução enorme trocar as crianças pelos bens materiais, pelo conforto além do necessário.

Pois bem, o IPEA, em seu relatório baseado no último censo do IBGE, alerta para as consequências da queda da taxa de natalidade na população brasileira. "Muita gente fala em controle da natalidade, mas a verdade é que a visão de que as brasileiras têm muitos filhos é equivocada. A opinião pública tem uma percepção distorcida da realidade." Ana Amélia Camarano, pesquisadora do IPEA.

Resumidamente, será um problema econômico. As mulheres brasileiras têm menos que dois filhos, em média. Seguindo nesse ritmo, vamos diminuir nossa população a ponto de faltarem trabalhadores. A ponto de todos terem que trabalhar cada vez mais para se aposentar, pois não há sistema que aguente. Um "resumo maior" pode ser conferido aqui.

Hoje é quase uma afronta dizer a uma mulher que ela deveria ter mais que um filho. Enquanto isso, vamos morrendo de tão gordos. E então, vamos fazer o quê? Trazer pra cá, como na Europa, os muçulmanos, que se reproduzem como coelhos? Os médicos cubanos? Daí, vamos pensando, com Drummond, um dia vamos dizer: "E acaso existirão os brasileiros?"

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O maior ídolo da juventude é a juventude



A primeira noção de ídolo e idolatria que todos temos é aquela que a Bíblia nos conta, do povo judeu que fez para si uma escultura e começou a prestar culto a ela, provocando a fúria de Moisés. O exemplo clássico de desobediência ao primeiro mandamento da lei mosaica é muito claro e evidente - colocaram uma outra coisa qualquer no lugar de Deus. Daí para percebermos quem eram os ídolos nas sociedades que endeusavam seus imperadores não é muito difícil. Os conflitos entre as religiões que aceitam imagens e as que não aceitam vêm se arrastando por séculos.

Na sociedade atual, muito se fala de ídolos, do esporte, da música, da política. Os ídolos são propostos como modelos a serem seguidos, de uma maneira implícita. É quase um pecado estar alheio a eles, não ter uma opinião sobre o artista tal, sobre o esportista xis. Mas, não são eles os ídolos atuais.

A ideia que está por trás de toda a idolatria moderna é a ideia de renovação constante. Pode parecer estranho, mas é porque nos acostumamos a pensar que renovar é sempre bom. Mas não é. Nem tudo que é velho é ruim. Nem tudo que é novo é bom. Na verdade, tenho reparado com o passar dos meus anos que muito do que fiz de errado ou inconsequente teve um componente muito forte de inexperiência. Essa é a principal desvantagem de ser jovem. O caso é que martelaram tanto em nossas cabeças que ser jovem é muito bom, que hoje ninguém quer envelhecer, como se isso não fosse uma coisa natural e desejável até. Mas o que a turma do forever young não percebe é que essa música já está velha. Esse papo de eternamente jovem já deu o que tinha que dar.

Não podemos nos esquecer que foi a juventude que apoiou o nazismo. Foi a juventude que tomou o poder na Rússia e espalhou seus erros pelo mundo. Foi a juventude que entrou nas drogas e subsidiou uma indústria da morte que até hoje produz frutos muito podres. Foi a juventude que protagonizou uma revolta total contra toda e qualquer moralidade e hoje não sabe mais se defender de si mesma. 

Foram os jovens que fizeram as revoluções, mas agora as revoluções estão trazendo um gosto de ressaca na boca de uma festa que eu tenho a impressão que cheguei no final. Já ouvi várias vezes de pessoas que sentem que têm saudade de um tempo que não viveram. Como se os anos 60 e 70 fossem o paraíso na Terra, o novo Jardim do Éden que não volta mais. Temos até certo orgulho de sermos imorais, de não sabermos latim nem música clássica, de não entendermos de filosofia e não tirarmos notas boas. Mas, velhos, não. Velhos, nunca. Isso é coisa de derrotados. "Então serão como deuses."Gn 3,5. Numa incrível inversão dos sentidos, o pecado mais mortal na atualidade é ser velho, ou seja, não ser deus. O deus atual é o "jooovem". É por isso que tem sessentão por aí saindo com mocinha de vinte e poucos, comprando carrão e gastando tudo em viagra, e achando bonito e contando vantagem. É por isso que os cabelos não ficam mais brancos, as rugas são vergonha. E isso em nome da liberdade. 

Mas, foi um velhinho cambaleante com uma cicatriz de bala no peito e uma roupa branca que levou bilhões a pedirem paz e pararem para pensar no que estavam fazendo. Daí vem outro velhinho e nos alerta, na sua lucidez espiritual, que essa escravidão é enganadora. Que relativizar tudo é uma coisa absolutamente irracional. Que não ter referenciais seguros nos deixa à deriva. 

Enfim, o maior ídolo da juventude é a juventude. O que se espera dos jovens, afinal? Que cresçam. Que se tornem adultos, conscientes, responsáveis, fortes, decididos. Eu sei que esse discurso pode parecer amargo ao nosso paladar viciado em Coca-Cola e Rede Globo. Mas amadurecer nos torna mais doces. As frutas mais doces são as mais maduras. Que possamos ser a juventude que vai restaurar a família, a busca da beleza e do bem nas artes, na cultura, no pensamento, o verdadeiro e sublime culto ao verdadeiro e único Deus. É essa a minha razão de ser, a minha luta, o meu sacrifício, a minha alegria, a minha paz, o meu testemunho. Afinal, contemplando a eternidade, não há jovens nem velhos, mas quem tem seus olhos focados no essencial da vida, ou não.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Música como uma Força Formadora do Caráter

Traduzido de: http://www.catholiceducation.org/articles/arts/al0529.htm


A Música como uma Força Formadora do Caráter

PETER KWASNIEWSKI

Ninguém que compreenda as experiências de melodia, harmonia e ritmo irá duvidar de seu valor. 

Arvo Pärt

O grande filósofo Roger Scruton observa:
"Ninguém que compreenda as experiências de melodia, harmonia e ritmo irá duvidar de seu valor. Elas não são somente a destilação de séculos de vida social: são também formas de conhecimento, que trazem a competência de atingir algo fora de nós através da música. Através de melodia, harmonia e ritmo, entramos em um mundo onde outros existem à parte de si, um mundo que é cheio de sentimento, mas também ordenado, disciplinado mas livre. É por isso que a música é uma força formadora de caráter e o declínio do gosto musical é um declínio na moral." ( A Estética da Música, 502)
Na teoria ética de Aristóteles, podemos encontrar esse princípio cardeal: "Como um homem é, assim o bem parecerá para ele." Nossa verdadeira habilidade em perceber o bem, o verdadeiro, o belo, em reconhecê-los quando os encontramos depende da formação a que nossas faculdades foram submetidas. Como um autor protestante, Frank Gaebelein, admite:
A chave para as melhores coisas na música cristã é a audição habitual da grandiosidade musical não só na escola, não só na faculdade e no Instituto Bíblico, mas na escola dominical também. Pois a música que as crianças ouvem exercita uma influência formativa do seu gosto. Nem mesmo as menores crianças podem ser seguramente alimentadas com uma dieta de lixo musical.
A maturidade espiritual do cristão está muito conectada à habituação à nobreza das finas artes. Aprender a distinguir entre a beleza e a dignidade e a feiura e banalidade é um hábito que deve ser adquirido como obedecer aos pais e ser responsável por suas ações. É um hábito tanto quanto temperança, bravura, justiça e prudência. Pensar que as crianças irão automaticamente crescer e se tornarem adultas que têm um senso do que é e do que não é apropriado, nobre e belo é tão ingênuo quanto pensar que elas irão se comportar moralmente ou orar a Deus sem disciplina ou educação religiosa.


Nosso potencial humano para a beleza é vasto. Na realidade da música, somente, considere as esplêndidas obras primas deixadas a nós por tais como Giovanni Pierluigi da Palestrina, Tomas Luis de Victoria, Johann Sebastian Bach, Georg Frideric Handel, Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwig van Beethoven, e para chegar rápido em nosso tempo, Arvo Pärt. Exceto em alguns raros círculos, esse potencial humano é, nos dias de hoje, horrivelmente subestimado e subdesenvolvido. Os jovens americanos não são mesmo avisados do potencial artístico de suas almas, nem como produtores nem como receptores do presente da arte. Nós deveríamos estar lhes ajudando de todas as formas que pudéssemos - inclusive treinando estudantes católicos a dar o melhor de seu talento artístico para o Sagrado Sacrifício da Missa, ao menos para apreciar como a missa merece somente o melhor da nossa tradição artística.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Os pilares da descrença - Nietzsche, o autoproclamado AntiCristo

Tradução de: http://www.peterkreeft.com/topics-more/pillars_nietzsche.htm

Friedrich Nietzsche se autoproclamava "o Anti-Cristo", e escreveu um livro com esse título. Ele defendia o ateísmo da seguinte forma: "Eu irei agora provar que não existem deuses. Se há deuses, como eu poderia suportar não seu um deus? Consequentemente, não há deuses."

Ele desprezava a razão, assim como a fé, frequente e deliberadamente contradizendo a si mesmo, dizia que "um escárnio é infinitamente mais nobre do que um silogismo" e apelava para a paixão, retórica e mesmo ódio deliberado  ao invés de razão.

Ele via o amor como o "grande perigo" e a moralidade como a maior fraqueza da humanidade. Ele morreu insano, em um asilo, de sífilis, assinando suas últimas cartas como "O Crucificado". Ele foi adorado pelos Nazistas como seu filósofo semi-oficial.
Mesmo assim, é admirado como profundo e sábio por muitas das maiores mentes do nosso século. Como pode ser?
Há três escolas de pensamento sobre Nietzsche. A mais popular entre os acadêmicos é a escola dos "Nietzscheanos gentis", que defendem que Nietzsche era, de fato, um cordeiro em pele de lobo; que os seus ataques não podiam ser tomados literalmente e que ele era realmente um aliado, não um inimigo, das instituições e valores ocidentais que ele denunciava.
Esses acadêmicos se assemelham aos teólogos que interpretam falas de Jesus como "ninguém vem ao Pai senão por mim" significando "todas as religiões são igualmente válidas", e "quem se casa com uma mulher divorciada comete adultério" significando "deixem seus divórcios serem criativos e razoáveis."
Segundo, há os "horrível, horrível" Nietzscheanos. Eles ao menos o concediam honra por levá-lo a sério. São típicos nas notas de rodapé em um velho livro texto católico de filosofia moderna, que dizia somente que Nietzsche existiu, era um ateu e morreu insano -- um fato que poderia deixar bem avisado qualquer um que se demorasse em seus livros.
Uma terceira escola de pensamento vê Niezsche como um lobo e não um cordeiro, mas um pensador muito importante porque ele mostra à civilização ocidental seu próprio negro coração e futuro. É fácil fazer de bode expiatório e apontar os dedos para "ovelhas negras" como Nietzsche e Hitler, mas não há um "Hitler em nós mesmos?" (para citar o título de Max Picard)? Nietzsche não deixou o gato sair da sacola? O demoníaco gato que estava escondido na respeitável sacola do humanismo secular? Desde que "Deus está morto", também está o homem, a moralidade, o amor, a liberdade, a democracia, a alma e, por fim, a sanidade. Ninguém mostra isso mais vividamente do que Nietzsche. Ele pode ter sido responsável (muito sem intenção) por muitas conversões.
Os temas principais de Nietzsche podem ser sumarizados pelos títulos dos seus principais livros. Cada um é, de diferentes formas, um ataque à fé. O centro da filosofia de Nietzsche é o mesmo: ele é tão centrado em Cristo como Agostinho era, só que centrava em Cristo como seu inimigo.
O seu primeiro livro, "O Nascimento da Tragédia como o Espírito da Música", sozinho, revolucionou a visão aceita dos antigos gregos como "doces e iluminados", razão e ordem. Para Nietzsche, os poetas trágicos foram os grandes Gregos, e os filósofos, começando com Sócrates, foram os menores, pálidos e desapaixonados. Todo o mundo ocidental que se seguiu a Sócrates e seu racionalismo e moralismo negara o outro lado do homem, negro e trágico.
Niezsche, ao contrário, exaltava a tragédia, o caos, a desordem e a irracionalidade, simbolizada pelo deus Dionísio, deus do crescimento, orgias e bebedeiras. Ele afirmava que Sócrates, ao contrário, havia levado o mundo ao culto de Apolo, deus do sol, luz, ordem e razão. Mas, o destino do deus de Nietzsche, Dionísio, estava prestes a levar o próprio Nietzsche; da mesma forma que Dionísio foi literalmente atormentado pelos Titãs, monstros sobrenaturais do submundo, a mente de Nietzsche vinha sendo quebrada e dividida pelos seus próprios Titãs internos.
"O Uso e o Abuso da História" continuou o tema de Dionísio vs Apolo. O "abuso da história" é (de acordo com Nietzsche) teoria, ciência, verdade objetiva. O uso correto da história é alcançar a "vida". Vida e verdade, fogo e luz, Dionísio e Apoli, vontade e intelecto, são colocados em oposição. Nós vemos Nietzsche sendo dilacerado aqui, pois estas são as duas partes do eu.
"Ecce Homo" foi um desavergonhado egotismo pseudo-autobiográfico. Apesar de ter sido somente um padioleiro na guerra, Nietzsche dizia que era um "presunçoso velho homem de artilharia" adorado por todas as damas. Na verdade, ele era um velho homem solitário que não podia suportar a visão de sangue, um anão emocional empinado como Napoleão. O que mais terrível é que ele voluntariamente abraça sua falsidade e fantasia. É consistente com sua filosofia preferir "qualquer coisa que eleve a vida" à verdade. "Por que não viver uma mentira?" ele pergunta.
"A Genealogia da Moral" afirmava que a moralidade era uma invenção dos fracos (especialmente os judeus, e então os cristãos) para enfraquecer os fortes. Os cordeiros convenceram o lobo a agir como um cordeiro. Isso não é natural, argumenta Nietzsche, e vendo a origem não natural da moralidade nos ressentindo da inferioridade irá nos livrar do seu poder sobre nós.
"Além do Bem e do Mal" é a moralidade alternativa de Nietzsche, ou a "nova moralidade". "Moralidade mestre" é totalmente diferente da "moralidade escrava", ele diz. O que for que um mestre comande é bom pelo simples fato de que o mestre comanda. Os fracos cordeiros têm uma moralidade de obediência e conformidade. Os mestres têm o direito natural de fazer o que eles quiserem, pois desde de que não há Deus, tudo é permissível.

"O Crepúsculo dos Ídolos" explora as consequências da "morte de Deus". (É claro que Deus nunca vive realmente, mas a fé Nele sim. Agora, ela está morta, diz Nietzsche.) Com Deus, morrem todas as verdades objetivas (pois não há nenhuma mente acima da nossa) e os valores objetivos, leis e moralidade (pois não há nenhuma vontade acima da nossa). Alma, livre-arbítrio, imortalidade, razão, ordem, amor - todos essas são "ídolos", pequenos deuses que estão morrendo, agora que o Grande Deus morreu.

O que irá substituir deus? O mesmo ser que irá substituir o homem, o Super-Homem. A obra prima de Nietzsche, "Assim falou Zaratustra", celebrava esse novo deus.
Nietzsche chamava de "Zaratustra" a nova Bíblia, e chamou o mundo a "jogar fora todos os outros livros, pois você tem o meu 'Zaratustra'." Sua retórica é intoxicante e cativou adolescentes por gerações. Foi escrito em somente alguns dias, numa "escrita automática" e frenética, talvez literalmente de inspiração demoníaca. Nenhum livro jamais escrito continha mais arquétipos Junguianos, numa demonstração de imagens do inconsciente como fogos de artifício.

Sua mensagem essencial era a condenação do homem do dia presente como fraco e o anúncio da nova espécie por vir, o Super-Homem, que viveria pela "moralidade mestra" ao invés da "moralidade escrava". Deus está morto, longa vida ao novo deus!
Mas, em "O retorno eterno", Nietzsche descobre que todos os deuses morrem, mesmo o Super-homem. Ele acreditava que toda a história necessariamente se movia em um círculo sem fim, repetindo todos os eventos passados - "Não há nada de novo debaixo do sol." Nietszche deduziu essa conclusão de duas premissas: (1) um monte finito de matéria e (2) um monte infinito de tempo (desde que não há criador e nem criação); então toda combinação possível de partículas elementares, cada palavra possível, ocorre um número infinito de vezes, dado um tempo infinito. Tudo, mesmo o Super-homem, irá retornar novamente a ser poeira, desenvolver vermes, macacos, homens e Super-homens, de novo e de novo.
Ao invés de desesperar, como o Eclesiastes, com essa nova história sem esperança, Nietzsche percebeu a oportunidade de celebrar a irracionalidade da história e o triunfo da "vida" sobre a lógica. A virtude suprema seria a coragem da vontade em afirmar essa vida sem sentido, além de qualquer razão, por razão alguma.

Mas, no último trabalho de Nietzsche, "A vontade de poder", a ausência de um fim ou objetivo aparece como demoníaca, e espelha o caráter demoníaco da mente moderna. Sem um Deus, um céu, uma verdade, ou uma divindade absoluta para se almejar, o significado da vida se torna simplesmente " a vontade de poder". O poder se torna seu próprio fim, não um meio. A vida é como uma bolha, vazia por dentro e por fora; mas o seu significado é uma autoafirmação, egoísmo, estourar a sua bolha, expandir o seu ego sem sentido até o vazio sem sentido. "Somente a vontade," é o aviso de Nietzsche. Não interessa o que você deseja ou porquê.

Nós estamos agora em uma posição de ver porque Nietzsche é um pensador tão crucial e importante, não apesar, mas por causa de sua insanidade. Ninguém, na história, exceto possivelmente o Marquês de Sade, fez tão clara, cândida e consistentemente uma alternativa completa ao Cristianismo.
As sociedade e filosofias pré-cristãs (pagãs) eram como virgens. As sociedades e filosofias pós-cristãs (modernas) são como divorciadas. Nietzsche não é um pagão pré-cristão, mas o essencial e moderno pós-cristão e anti-cristão. Ele viu corretamente Cristo como seu inimigo e rival. O espírito do Anti-Cristo nunca recebeu uma formulação tão completa. Nietzsche foi não somente o filósofo favorito da Alemanha Nazista, foi o filósofo favorito do inferno.

Podemos agradecer a tolice de Satã em "tirar sua máscara" nesse homem. Como o Nazismo, Nietzsche pode nos mostrar o inferno fora de nós e nos ajudar a salvar nossa civilização ou mesmo nossas almas por nos fazer ver o terror antes que seja muito tarde.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Chesterton e o casamento gay - Não é gay e não é casamento

Tradução de: http://www.catholiceducation.org/articles/marriage/mf0167.htm

G.K. Chesterton: Não é Gay, e não é casamento
DALE AHLQUIST

Chesterton esteve constantemente certo em seus pronunciamentos e profecias porque ele entendeu que qualquer coisa que atacasse a família era ruim para a sociedade.

G.K. Chesterton
1874-1936

Uma das questões populares no tempo de Chesterton era 
"controle de natalidade".  Ele Não só objetava à ideia, ele 

objetava ao próprio termo porque ele significava o oposto do que dizia. Não significava natalidade, nem controle. Eu só posso imaginar que ele teria as mesmas objeções ao "casamento gay". A ideia é errada, mas o nome também. Não é gay e não é casamento. (NT: "gay" em inglês significa originalmente "feliz, alegre")


Chesterton esteve constantemente certo em seus pronunciamentos e profecias porque ele entendeu que qualquer coisa que atacasse a família era ruim para a sociedade. É por isso que ele falou contra a eugenia e a contracepção, contra o divórcio e o "amor livre" (outro termo que ele não gostava, por sua desonestidade), mas também contra a escravidão salarial, a educação estatal compulsória e mães contratando outras pessoas para fazer o que as mães são boas em fazer por si próprias. É seguro dizer que Chesterton permaneceria contra toda as tendências e novidades que se espalham como praga nos dias de hoje porque cada uma dessas tendências e novidades enfraquece a família. O Grandes Governo tenta substituir a autoridade familiar, e o Grande Negócio tenta substituir a autonomia da família. Há uma constante pressão cultural e comercial sobre pais, mães e filhos. Eles são minimizados e marginalizados e, sim, ridicularizados. Mas, como Chesterton diz, "Esse triângulo de truísmos, de pai, mãe e filhos, não pode ser destruído; só podem ser destruídas as civilizações que o negligenciam."

O último ataque à família não nem o último nem o pior. Mas tem um valor chocante, em que pese o processo de dessensibilização que a indústria da informação e do entretenimento nos trouxeram nos últimos anos. Os que tentaram falar contra a normalização do anormal encontraram "insultos ou silêncio", como Chesterton foi quando tentou argumentar contra as novas filosofias que eram promovidas pelos maiores jornais em seus dias. Em 1926, ele advertia, "A próxima grande heresia será um ataque à moralidade, especialmente a moralidade sexual." Seu aviso passou despercebido, e a moralidade sexual decaiu progressivamente. Mas, permitamo-nos lembrar que isso começou com o controle da natalidade, que é uma tentativa de criar o sexo como um fim em si mesmo, trocando um ato de amor por um ato de egoísmo. A promoção e aceitação do sexo sem vida, estéril e egoísta progrediu logicamente para a homossexualidade.

Chesterton mostrou que o problema da homossexualidade como uma inimiga da civilização é bem antigo. Em The Everlasting Man, ele descreveu o culto à natureza e a "mera mitologia" que produziu a perversão entre os gregos. "Assim como se tornaram antinaturais por cultuarem a natureza, se tornaram verdadeiramente anti-humanos por cultuarem o homem." Qualquer jovem, ele diz, "que tenha a sorte de crescer são e simples" tem naturalmente repulsa à homossexualidade porque "não é verdade para a natureza humana ou para o senso comum". Ele argumenta que se tentarmos agir com indiferença sobre isso, estaremos nos enganando a nós mesmos. É a "ilusão da familiaridade", quando uma "perversão se torna uma convenção".

Em Hereges, Chesterton quase faz uma profecia sobre o uso errado da palavra "gay". Ele escreve sobre "a muito poderosa e triste filosofia de Oscar Wilde. É a religião do carpe diem." Carpe diem significa "aproveite o dia," faça o que quiser e não pense nas consequências, viva somente o momento. "Mas a religião do carpe diem não é a religião de pessoas felizes, mas de pessoas muito infelizes." Há uma falta de esperança, assim como há falta de felicidade nela. Quando o sexo é somente um prazer momentâneo, quando não oferece mais nada além de si mesmo, não traz contentamento. É literalmente sem vida. E Chesterton escreve sobre isso em seu livro São Francisco de Assis, no momento em que o sexo deixa de ser um servo, se torna um tirano. Essa é, talvez, a mais profunda análise do problema dos homossexuais: eles são escravos do sexo. Eles estão tentado "perverter o futuro e desfazer o passado." Eles precisam ser libertados.

O pecado tem consequências. Ainda que Chesterton sempre sustente que devemos condenar o pecado e não o pecador. E ninguém demonstrou mais compaixão pelos caídos do que G.K. Chesterton. De Oscar Wilde, a quem ele chamava "o Chefe dos Decadentes", ele dizia que Wilde cometeu um "erro monstruoso" mas também sofreu monstruosamente por isso, indo para uma terrível prisão, onde foi esquecido por todas as pessoas que, antes, brindaram a sua cavalheira rebelião. "A sua vida foi completa, no sentido terrível de que a sua vida e a minha são incompletas, desde que não paguemos por nossos pecados. Neste sentido, alguém pode chamá-la de vida perfeita, como alguém fala de uma perfeita equação; ela se anula. De um lado, nós temos o saudável horror do mal; do outro, o saudável horror da punição."

Chesterton se referia ao comportamento homossexual de Wilde como um pecado "altamente civilizado", algo que era a pior aflição entre as classes ricas e cultas. Era um pecado que nunca foi uma tentação para Chesterton, e ele dizia que não era uma grande virtude para nós nunca cometer um pecado do qual nunca fomos tentados. Há uma outra razão pela qual devemos tratar nossos irmãos homossexuais com compaixão. Nós conhecemos nossos próprios pecados e fraquezas suficientemente bem. Philo de Alexandria dizia, "Seja gentil. Todos que você conhece estão travando uma terrível batalha." Mas a compaixão não pode nunca se comprometer com o mal. Chesterton pondera que nossa verdade não pode ser impiedosa, nem nossa pena ser mentirosa. Homossexualidade é uma desordem. É contrária à ordem. Os atos homossexuais são pecaminosos, ou seja, são contrários à ordem de Deus. Eles não podem nunca ser normais. E, pior ainda, não podem nunca ser equilibrados. Como o grande detetive de Chesterton, Padre Brown, dizia: "Os homens podem manter um determinado nível de bondade, mas nenhum homem até hoje foi capaz de manter um determinado nível de maldade. Esse caminho leva cada vez mais para baixo."

Casamento é entre um homem e uma mulher. Isso é ordem. E a Igreja Católica ensina que isso é uma ordem sacramental, com implicações divinas. O mundo veio zombando do casamento de maneira que agora está culminando como uniões homossexuais. Mas são os homens e mulheres heterossexuais que pavimentaram o caminho para esse decaimento. O divórcio, que é uma coisa anormal, agora é tratado como normal. A contracepção, outra coisa anormal, agora é tratada como normal. O aborto também não é normal, mas é legal. Fazer o "casamento" homossexual legal não o fará ser normal, mas irá contribuir para a confusão dos nossos tempos. E irá contribuir para a espiral de decadência da nossa civilização. Mas a profecia de Chesterton permanece: "Nós não seremos capazes de destruir a família. Nós iremos meramente destruir a nós mesmos por negligenciar a família."