quarta-feira, 15 de maio de 2013

O maior ídolo da juventude é a juventude



A primeira noção de ídolo e idolatria que todos temos é aquela que a Bíblia nos conta, do povo judeu que fez para si uma escultura e começou a prestar culto a ela, provocando a fúria de Moisés. O exemplo clássico de desobediência ao primeiro mandamento da lei mosaica é muito claro e evidente - colocaram uma outra coisa qualquer no lugar de Deus. Daí para percebermos quem eram os ídolos nas sociedades que endeusavam seus imperadores não é muito difícil. Os conflitos entre as religiões que aceitam imagens e as que não aceitam vêm se arrastando por séculos.

Na sociedade atual, muito se fala de ídolos, do esporte, da música, da política. Os ídolos são propostos como modelos a serem seguidos, de uma maneira implícita. É quase um pecado estar alheio a eles, não ter uma opinião sobre o artista tal, sobre o esportista xis. Mas, não são eles os ídolos atuais.

A ideia que está por trás de toda a idolatria moderna é a ideia de renovação constante. Pode parecer estranho, mas é porque nos acostumamos a pensar que renovar é sempre bom. Mas não é. Nem tudo que é velho é ruim. Nem tudo que é novo é bom. Na verdade, tenho reparado com o passar dos meus anos que muito do que fiz de errado ou inconsequente teve um componente muito forte de inexperiência. Essa é a principal desvantagem de ser jovem. O caso é que martelaram tanto em nossas cabeças que ser jovem é muito bom, que hoje ninguém quer envelhecer, como se isso não fosse uma coisa natural e desejável até. Mas o que a turma do forever young não percebe é que essa música já está velha. Esse papo de eternamente jovem já deu o que tinha que dar.

Não podemos nos esquecer que foi a juventude que apoiou o nazismo. Foi a juventude que tomou o poder na Rússia e espalhou seus erros pelo mundo. Foi a juventude que entrou nas drogas e subsidiou uma indústria da morte que até hoje produz frutos muito podres. Foi a juventude que protagonizou uma revolta total contra toda e qualquer moralidade e hoje não sabe mais se defender de si mesma. 

Foram os jovens que fizeram as revoluções, mas agora as revoluções estão trazendo um gosto de ressaca na boca de uma festa que eu tenho a impressão que cheguei no final. Já ouvi várias vezes de pessoas que sentem que têm saudade de um tempo que não viveram. Como se os anos 60 e 70 fossem o paraíso na Terra, o novo Jardim do Éden que não volta mais. Temos até certo orgulho de sermos imorais, de não sabermos latim nem música clássica, de não entendermos de filosofia e não tirarmos notas boas. Mas, velhos, não. Velhos, nunca. Isso é coisa de derrotados. "Então serão como deuses."Gn 3,5. Numa incrível inversão dos sentidos, o pecado mais mortal na atualidade é ser velho, ou seja, não ser deus. O deus atual é o "jooovem". É por isso que tem sessentão por aí saindo com mocinha de vinte e poucos, comprando carrão e gastando tudo em viagra, e achando bonito e contando vantagem. É por isso que os cabelos não ficam mais brancos, as rugas são vergonha. E isso em nome da liberdade. 

Mas, foi um velhinho cambaleante com uma cicatriz de bala no peito e uma roupa branca que levou bilhões a pedirem paz e pararem para pensar no que estavam fazendo. Daí vem outro velhinho e nos alerta, na sua lucidez espiritual, que essa escravidão é enganadora. Que relativizar tudo é uma coisa absolutamente irracional. Que não ter referenciais seguros nos deixa à deriva. 

Enfim, o maior ídolo da juventude é a juventude. O que se espera dos jovens, afinal? Que cresçam. Que se tornem adultos, conscientes, responsáveis, fortes, decididos. Eu sei que esse discurso pode parecer amargo ao nosso paladar viciado em Coca-Cola e Rede Globo. Mas amadurecer nos torna mais doces. As frutas mais doces são as mais maduras. Que possamos ser a juventude que vai restaurar a família, a busca da beleza e do bem nas artes, na cultura, no pensamento, o verdadeiro e sublime culto ao verdadeiro e único Deus. É essa a minha razão de ser, a minha luta, o meu sacrifício, a minha alegria, a minha paz, o meu testemunho. Afinal, contemplando a eternidade, não há jovens nem velhos, mas quem tem seus olhos focados no essencial da vida, ou não.

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