quarta-feira, 17 de abril de 2013

Os pilares da descrença - Nietzsche, o autoproclamado AntiCristo

Tradução de: http://www.peterkreeft.com/topics-more/pillars_nietzsche.htm

Friedrich Nietzsche se autoproclamava "o Anti-Cristo", e escreveu um livro com esse título. Ele defendia o ateísmo da seguinte forma: "Eu irei agora provar que não existem deuses. Se há deuses, como eu poderia suportar não seu um deus? Consequentemente, não há deuses."

Ele desprezava a razão, assim como a fé, frequente e deliberadamente contradizendo a si mesmo, dizia que "um escárnio é infinitamente mais nobre do que um silogismo" e apelava para a paixão, retórica e mesmo ódio deliberado  ao invés de razão.

Ele via o amor como o "grande perigo" e a moralidade como a maior fraqueza da humanidade. Ele morreu insano, em um asilo, de sífilis, assinando suas últimas cartas como "O Crucificado". Ele foi adorado pelos Nazistas como seu filósofo semi-oficial.
Mesmo assim, é admirado como profundo e sábio por muitas das maiores mentes do nosso século. Como pode ser?
Há três escolas de pensamento sobre Nietzsche. A mais popular entre os acadêmicos é a escola dos "Nietzscheanos gentis", que defendem que Nietzsche era, de fato, um cordeiro em pele de lobo; que os seus ataques não podiam ser tomados literalmente e que ele era realmente um aliado, não um inimigo, das instituições e valores ocidentais que ele denunciava.
Esses acadêmicos se assemelham aos teólogos que interpretam falas de Jesus como "ninguém vem ao Pai senão por mim" significando "todas as religiões são igualmente válidas", e "quem se casa com uma mulher divorciada comete adultério" significando "deixem seus divórcios serem criativos e razoáveis."
Segundo, há os "horrível, horrível" Nietzscheanos. Eles ao menos o concediam honra por levá-lo a sério. São típicos nas notas de rodapé em um velho livro texto católico de filosofia moderna, que dizia somente que Nietzsche existiu, era um ateu e morreu insano -- um fato que poderia deixar bem avisado qualquer um que se demorasse em seus livros.
Uma terceira escola de pensamento vê Niezsche como um lobo e não um cordeiro, mas um pensador muito importante porque ele mostra à civilização ocidental seu próprio negro coração e futuro. É fácil fazer de bode expiatório e apontar os dedos para "ovelhas negras" como Nietzsche e Hitler, mas não há um "Hitler em nós mesmos?" (para citar o título de Max Picard)? Nietzsche não deixou o gato sair da sacola? O demoníaco gato que estava escondido na respeitável sacola do humanismo secular? Desde que "Deus está morto", também está o homem, a moralidade, o amor, a liberdade, a democracia, a alma e, por fim, a sanidade. Ninguém mostra isso mais vividamente do que Nietzsche. Ele pode ter sido responsável (muito sem intenção) por muitas conversões.
Os temas principais de Nietzsche podem ser sumarizados pelos títulos dos seus principais livros. Cada um é, de diferentes formas, um ataque à fé. O centro da filosofia de Nietzsche é o mesmo: ele é tão centrado em Cristo como Agostinho era, só que centrava em Cristo como seu inimigo.
O seu primeiro livro, "O Nascimento da Tragédia como o Espírito da Música", sozinho, revolucionou a visão aceita dos antigos gregos como "doces e iluminados", razão e ordem. Para Nietzsche, os poetas trágicos foram os grandes Gregos, e os filósofos, começando com Sócrates, foram os menores, pálidos e desapaixonados. Todo o mundo ocidental que se seguiu a Sócrates e seu racionalismo e moralismo negara o outro lado do homem, negro e trágico.
Niezsche, ao contrário, exaltava a tragédia, o caos, a desordem e a irracionalidade, simbolizada pelo deus Dionísio, deus do crescimento, orgias e bebedeiras. Ele afirmava que Sócrates, ao contrário, havia levado o mundo ao culto de Apolo, deus do sol, luz, ordem e razão. Mas, o destino do deus de Nietzsche, Dionísio, estava prestes a levar o próprio Nietzsche; da mesma forma que Dionísio foi literalmente atormentado pelos Titãs, monstros sobrenaturais do submundo, a mente de Nietzsche vinha sendo quebrada e dividida pelos seus próprios Titãs internos.
"O Uso e o Abuso da História" continuou o tema de Dionísio vs Apolo. O "abuso da história" é (de acordo com Nietzsche) teoria, ciência, verdade objetiva. O uso correto da história é alcançar a "vida". Vida e verdade, fogo e luz, Dionísio e Apoli, vontade e intelecto, são colocados em oposição. Nós vemos Nietzsche sendo dilacerado aqui, pois estas são as duas partes do eu.
"Ecce Homo" foi um desavergonhado egotismo pseudo-autobiográfico. Apesar de ter sido somente um padioleiro na guerra, Nietzsche dizia que era um "presunçoso velho homem de artilharia" adorado por todas as damas. Na verdade, ele era um velho homem solitário que não podia suportar a visão de sangue, um anão emocional empinado como Napoleão. O que mais terrível é que ele voluntariamente abraça sua falsidade e fantasia. É consistente com sua filosofia preferir "qualquer coisa que eleve a vida" à verdade. "Por que não viver uma mentira?" ele pergunta.
"A Genealogia da Moral" afirmava que a moralidade era uma invenção dos fracos (especialmente os judeus, e então os cristãos) para enfraquecer os fortes. Os cordeiros convenceram o lobo a agir como um cordeiro. Isso não é natural, argumenta Nietzsche, e vendo a origem não natural da moralidade nos ressentindo da inferioridade irá nos livrar do seu poder sobre nós.
"Além do Bem e do Mal" é a moralidade alternativa de Nietzsche, ou a "nova moralidade". "Moralidade mestre" é totalmente diferente da "moralidade escrava", ele diz. O que for que um mestre comande é bom pelo simples fato de que o mestre comanda. Os fracos cordeiros têm uma moralidade de obediência e conformidade. Os mestres têm o direito natural de fazer o que eles quiserem, pois desde de que não há Deus, tudo é permissível.

"O Crepúsculo dos Ídolos" explora as consequências da "morte de Deus". (É claro que Deus nunca vive realmente, mas a fé Nele sim. Agora, ela está morta, diz Nietzsche.) Com Deus, morrem todas as verdades objetivas (pois não há nenhuma mente acima da nossa) e os valores objetivos, leis e moralidade (pois não há nenhuma vontade acima da nossa). Alma, livre-arbítrio, imortalidade, razão, ordem, amor - todos essas são "ídolos", pequenos deuses que estão morrendo, agora que o Grande Deus morreu.

O que irá substituir deus? O mesmo ser que irá substituir o homem, o Super-Homem. A obra prima de Nietzsche, "Assim falou Zaratustra", celebrava esse novo deus.
Nietzsche chamava de "Zaratustra" a nova Bíblia, e chamou o mundo a "jogar fora todos os outros livros, pois você tem o meu 'Zaratustra'." Sua retórica é intoxicante e cativou adolescentes por gerações. Foi escrito em somente alguns dias, numa "escrita automática" e frenética, talvez literalmente de inspiração demoníaca. Nenhum livro jamais escrito continha mais arquétipos Junguianos, numa demonstração de imagens do inconsciente como fogos de artifício.

Sua mensagem essencial era a condenação do homem do dia presente como fraco e o anúncio da nova espécie por vir, o Super-Homem, que viveria pela "moralidade mestra" ao invés da "moralidade escrava". Deus está morto, longa vida ao novo deus!
Mas, em "O retorno eterno", Nietzsche descobre que todos os deuses morrem, mesmo o Super-homem. Ele acreditava que toda a história necessariamente se movia em um círculo sem fim, repetindo todos os eventos passados - "Não há nada de novo debaixo do sol." Nietszche deduziu essa conclusão de duas premissas: (1) um monte finito de matéria e (2) um monte infinito de tempo (desde que não há criador e nem criação); então toda combinação possível de partículas elementares, cada palavra possível, ocorre um número infinito de vezes, dado um tempo infinito. Tudo, mesmo o Super-homem, irá retornar novamente a ser poeira, desenvolver vermes, macacos, homens e Super-homens, de novo e de novo.
Ao invés de desesperar, como o Eclesiastes, com essa nova história sem esperança, Nietzsche percebeu a oportunidade de celebrar a irracionalidade da história e o triunfo da "vida" sobre a lógica. A virtude suprema seria a coragem da vontade em afirmar essa vida sem sentido, além de qualquer razão, por razão alguma.

Mas, no último trabalho de Nietzsche, "A vontade de poder", a ausência de um fim ou objetivo aparece como demoníaca, e espelha o caráter demoníaco da mente moderna. Sem um Deus, um céu, uma verdade, ou uma divindade absoluta para se almejar, o significado da vida se torna simplesmente " a vontade de poder". O poder se torna seu próprio fim, não um meio. A vida é como uma bolha, vazia por dentro e por fora; mas o seu significado é uma autoafirmação, egoísmo, estourar a sua bolha, expandir o seu ego sem sentido até o vazio sem sentido. "Somente a vontade," é o aviso de Nietzsche. Não interessa o que você deseja ou porquê.

Nós estamos agora em uma posição de ver porque Nietzsche é um pensador tão crucial e importante, não apesar, mas por causa de sua insanidade. Ninguém, na história, exceto possivelmente o Marquês de Sade, fez tão clara, cândida e consistentemente uma alternativa completa ao Cristianismo.
As sociedade e filosofias pré-cristãs (pagãs) eram como virgens. As sociedades e filosofias pós-cristãs (modernas) são como divorciadas. Nietzsche não é um pagão pré-cristão, mas o essencial e moderno pós-cristão e anti-cristão. Ele viu corretamente Cristo como seu inimigo e rival. O espírito do Anti-Cristo nunca recebeu uma formulação tão completa. Nietzsche foi não somente o filósofo favorito da Alemanha Nazista, foi o filósofo favorito do inferno.

Podemos agradecer a tolice de Satã em "tirar sua máscara" nesse homem. Como o Nazismo, Nietzsche pode nos mostrar o inferno fora de nós e nos ajudar a salvar nossa civilização ou mesmo nossas almas por nos fazer ver o terror antes que seja muito tarde.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Chesterton e o casamento gay - Não é gay e não é casamento

Tradução de: http://www.catholiceducation.org/articles/marriage/mf0167.htm

G.K. Chesterton: Não é Gay, e não é casamento
DALE AHLQUIST

Chesterton esteve constantemente certo em seus pronunciamentos e profecias porque ele entendeu que qualquer coisa que atacasse a família era ruim para a sociedade.

G.K. Chesterton
1874-1936

Uma das questões populares no tempo de Chesterton era 
"controle de natalidade".  Ele Não só objetava à ideia, ele 

objetava ao próprio termo porque ele significava o oposto do que dizia. Não significava natalidade, nem controle. Eu só posso imaginar que ele teria as mesmas objeções ao "casamento gay". A ideia é errada, mas o nome também. Não é gay e não é casamento. (NT: "gay" em inglês significa originalmente "feliz, alegre")


Chesterton esteve constantemente certo em seus pronunciamentos e profecias porque ele entendeu que qualquer coisa que atacasse a família era ruim para a sociedade. É por isso que ele falou contra a eugenia e a contracepção, contra o divórcio e o "amor livre" (outro termo que ele não gostava, por sua desonestidade), mas também contra a escravidão salarial, a educação estatal compulsória e mães contratando outras pessoas para fazer o que as mães são boas em fazer por si próprias. É seguro dizer que Chesterton permaneceria contra toda as tendências e novidades que se espalham como praga nos dias de hoje porque cada uma dessas tendências e novidades enfraquece a família. O Grandes Governo tenta substituir a autoridade familiar, e o Grande Negócio tenta substituir a autonomia da família. Há uma constante pressão cultural e comercial sobre pais, mães e filhos. Eles são minimizados e marginalizados e, sim, ridicularizados. Mas, como Chesterton diz, "Esse triângulo de truísmos, de pai, mãe e filhos, não pode ser destruído; só podem ser destruídas as civilizações que o negligenciam."

O último ataque à família não nem o último nem o pior. Mas tem um valor chocante, em que pese o processo de dessensibilização que a indústria da informação e do entretenimento nos trouxeram nos últimos anos. Os que tentaram falar contra a normalização do anormal encontraram "insultos ou silêncio", como Chesterton foi quando tentou argumentar contra as novas filosofias que eram promovidas pelos maiores jornais em seus dias. Em 1926, ele advertia, "A próxima grande heresia será um ataque à moralidade, especialmente a moralidade sexual." Seu aviso passou despercebido, e a moralidade sexual decaiu progressivamente. Mas, permitamo-nos lembrar que isso começou com o controle da natalidade, que é uma tentativa de criar o sexo como um fim em si mesmo, trocando um ato de amor por um ato de egoísmo. A promoção e aceitação do sexo sem vida, estéril e egoísta progrediu logicamente para a homossexualidade.

Chesterton mostrou que o problema da homossexualidade como uma inimiga da civilização é bem antigo. Em The Everlasting Man, ele descreveu o culto à natureza e a "mera mitologia" que produziu a perversão entre os gregos. "Assim como se tornaram antinaturais por cultuarem a natureza, se tornaram verdadeiramente anti-humanos por cultuarem o homem." Qualquer jovem, ele diz, "que tenha a sorte de crescer são e simples" tem naturalmente repulsa à homossexualidade porque "não é verdade para a natureza humana ou para o senso comum". Ele argumenta que se tentarmos agir com indiferença sobre isso, estaremos nos enganando a nós mesmos. É a "ilusão da familiaridade", quando uma "perversão se torna uma convenção".

Em Hereges, Chesterton quase faz uma profecia sobre o uso errado da palavra "gay". Ele escreve sobre "a muito poderosa e triste filosofia de Oscar Wilde. É a religião do carpe diem." Carpe diem significa "aproveite o dia," faça o que quiser e não pense nas consequências, viva somente o momento. "Mas a religião do carpe diem não é a religião de pessoas felizes, mas de pessoas muito infelizes." Há uma falta de esperança, assim como há falta de felicidade nela. Quando o sexo é somente um prazer momentâneo, quando não oferece mais nada além de si mesmo, não traz contentamento. É literalmente sem vida. E Chesterton escreve sobre isso em seu livro São Francisco de Assis, no momento em que o sexo deixa de ser um servo, se torna um tirano. Essa é, talvez, a mais profunda análise do problema dos homossexuais: eles são escravos do sexo. Eles estão tentado "perverter o futuro e desfazer o passado." Eles precisam ser libertados.

O pecado tem consequências. Ainda que Chesterton sempre sustente que devemos condenar o pecado e não o pecador. E ninguém demonstrou mais compaixão pelos caídos do que G.K. Chesterton. De Oscar Wilde, a quem ele chamava "o Chefe dos Decadentes", ele dizia que Wilde cometeu um "erro monstruoso" mas também sofreu monstruosamente por isso, indo para uma terrível prisão, onde foi esquecido por todas as pessoas que, antes, brindaram a sua cavalheira rebelião. "A sua vida foi completa, no sentido terrível de que a sua vida e a minha são incompletas, desde que não paguemos por nossos pecados. Neste sentido, alguém pode chamá-la de vida perfeita, como alguém fala de uma perfeita equação; ela se anula. De um lado, nós temos o saudável horror do mal; do outro, o saudável horror da punição."

Chesterton se referia ao comportamento homossexual de Wilde como um pecado "altamente civilizado", algo que era a pior aflição entre as classes ricas e cultas. Era um pecado que nunca foi uma tentação para Chesterton, e ele dizia que não era uma grande virtude para nós nunca cometer um pecado do qual nunca fomos tentados. Há uma outra razão pela qual devemos tratar nossos irmãos homossexuais com compaixão. Nós conhecemos nossos próprios pecados e fraquezas suficientemente bem. Philo de Alexandria dizia, "Seja gentil. Todos que você conhece estão travando uma terrível batalha." Mas a compaixão não pode nunca se comprometer com o mal. Chesterton pondera que nossa verdade não pode ser impiedosa, nem nossa pena ser mentirosa. Homossexualidade é uma desordem. É contrária à ordem. Os atos homossexuais são pecaminosos, ou seja, são contrários à ordem de Deus. Eles não podem nunca ser normais. E, pior ainda, não podem nunca ser equilibrados. Como o grande detetive de Chesterton, Padre Brown, dizia: "Os homens podem manter um determinado nível de bondade, mas nenhum homem até hoje foi capaz de manter um determinado nível de maldade. Esse caminho leva cada vez mais para baixo."

Casamento é entre um homem e uma mulher. Isso é ordem. E a Igreja Católica ensina que isso é uma ordem sacramental, com implicações divinas. O mundo veio zombando do casamento de maneira que agora está culminando como uniões homossexuais. Mas são os homens e mulheres heterossexuais que pavimentaram o caminho para esse decaimento. O divórcio, que é uma coisa anormal, agora é tratado como normal. A contracepção, outra coisa anormal, agora é tratada como normal. O aborto também não é normal, mas é legal. Fazer o "casamento" homossexual legal não o fará ser normal, mas irá contribuir para a confusão dos nossos tempos. E irá contribuir para a espiral de decadência da nossa civilização. Mas a profecia de Chesterton permanece: "Nós não seremos capazes de destruir a família. Nós iremos meramente destruir a nós mesmos por negligenciar a família."